UMA HISTÓRIA...
Ela me telefonou
pedindo para antecipar sua consulta naquela semana. Reservei o primeiro horário
da segunda-feira para atendê-la. Já estávamos em terapia há alguns meses.
Quando ela chegou, consegui identificar algumas coisas. Tinha tido tempo
suficiente para conhecer aquele olhar triste que a acompanhava, via a ansiedade
cada dia maior no seu rosto e corpo. Na tentativa de sanar a ansiedade, comia
sem parar, era incontrolável.
Mais uma vez, ela
estava sentada à minha frente revirando-se na dor de ter o coração partido por
um amor que não deu certo e acabou. Sentia-se culpada. Ficava me perguntando se
não seria melhor ter tentado mais um pouco, acreditava que talvez estivesse
doente por sentir-se sempre desanimada, sem muitas motivações na vida, e por
isso não conseguia sentir-se feliz. A depressão causa isso nas pessoas, esse
fenômeno é chamado anedonia, é a perda da capacidade de sentir prazer tanto nas
grandes quanto nas pequenas coisas da vida, e ela sabia disso.
Era um daqueles casos
que costumam me deixar intrigada. Destacava-se profissionalmente, tinha alguns
bons amigos, era inteligente, um pouco tímida, possuía família, alguns projetos
legais, entretanto nada disso parecia fazer sentido naquele momento. O que
importava agora, para ela, era entender e superar as razões desse coração
partido #No universo chamado amor pág 82
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